quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Desejava ardentemente reter aquele sentimento de esperança. Não que fosse desconhecido; pelo contrário, sabia o quão efémero era, o quão rapidamente se iria desfazer no rodopio do quotidiano.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Diálogo

Sentou-se ao fim das escadas. Arfava. Já não era o jovem que tinha sido. Pesavam os anos, as noitadas, todas as violações das regras de bom senso para uma boa saúde (física e mental), as horas excessivas de trabalho.
Arfava e pensava: “Bolas! Nao tenho sequer 40 anos, parece que estou às portas dos 100”.
“Estúpido!” - continuava no seu diálogo interno -, “correste para nada, para bater com o nariz na porta”.
Maldita a hora que tinha decidido fazer aquela viagem, sem se lembrar que o seu passaporte poderia já não estar válido. Por melhores que fossem as razões, que certamente iria recordar no momento que entrasse no avião a caminho do seu destino, tudo lhe parecia inútil naquele momento. Perdera tempo, perdera compostura, perdera a paciência e, agora, sentado naquelas escadas, questionava todas as suas decisões - as grandes e as pequenas - que o tinham conduzido àquele momento.
E, voltava a dizer a si mesmo, em frente a porta do único serviço público que o poderia ajudar na saga do passaporte, “além de cansado, estou com uma crise existencial, também ela extemporânea aos seus 30 e poucos anos”. "Não preciso disto", e, com isto, levantou-se, resolvido a alterar tudo o que estava no seu alcance para alterar aquele estado de coisas.