domingo, 27 de novembro de 2011

há algo de imaterial

pese embora não seja fã do género, não posso deixar de assinalar o reconhecimento do Fado como património mundial imaterial

http://www.youtube.com/watch?v=aUEGq2GZHtQ

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

to emigrate or not to emigrate II

aqui ficam as palavras de alguém bem mais eloquente do que eu sobre a temática que no outro dia me fez escrever

 

Jovens, fora daqui!

por BAPTISTA-BASTOS

In Diário de Notícias, de 23 de Novembro de 2011
Uma televisão esteve a fazer perguntas a jovens portugueses. Os jovens portugueses foram unânimes: estão fartos de ver os seus sonhos e ambições espezinhados, não se resignam a esta desordem política que lhes interdita o acesso ao bem-estar e à felicidade, e que eliminou do horizonte humano qualquer expressão de justiça. Uma rapariga, por sinal muito bonita e de frase curtida em leituras e decisões, preparava-se para abandonar o País e viajar até onde as suas faculdades fossem reconhecidas e estimadas. "Mas vai voltar, um dia?", perguntou-lhe, afobada, o jornalista, "Nunca mais! Aqui, não tenho futuro!" A luz, na televisão, era mais clara, e o rosto da rapariga atingiu uma inesperada dureza. Talvez o desprendimento de quem tem a sensação de não ser desejada.
Foi esse alheamento que me impressionou. De repente, na afirmação, "Aqui não tenho futuro!", deixara de residir a ternura e a intimidade, e passara a descoberto a factura de uma nova sabedoria, que me era estranha e, até, um pouco incómoda.
Na mesma reportagem, a informação, crua e grave, de que centenas de médicos e enfermeiros, por igual jovens, competentes e de confuso destino português, estavam de malas aviadas para se fixar no estrangeiro. Uma dessas, agora de abalada, demonstrou o seu desgosto com uma pequena frase: "Que havemos de fazer?"
Estes rapazes e raparigas são disputados em toda a Europa, e o interesse por eles, pela qualidade do seu trabalho, da sua devoção e da sua humanidade chegam à Austrália e à Nova Zelândia. Parece que o velho problema do mal na História renasce com a razão do Estado e a sua falta de ética da responsabilidade. O Estado, de certa forma corporizado no Governo, utiliza como meio específico a força da exclusão, da indiferença e do abandono, por detrás da qual se perfila a violência. As coisas complicam-se ainda mais se, noutra perspectiva, substituirmos a bondade pela grosseria. E recordo aquele membro do Governo (cujo nome desejo colocar à margem deste texto, desejadamente asseado) que incentivou os jovens portugueses a abandonar o País, violando, descaradamente, a palavra dada de respeito pela Constituição e pelos outros.
Perdemos a nossa gente nova porque estamos a ser friamente enganados por uma clique amoral, incompetente e inchada de soberba. Há qualquer coisa de infame numa política que não coincide com a justiça e com a procura do bem-estar das populações. A ilustração desta indignidade vemo-la todos os dias e atinge proporções insanas quando a juventude é assim dizimada por um Governo que a despreza ao ponto de a expulsar. "Pátria madrasta, país padrasto", concluiu João de Barros, o das Décadas, numa frase tão lacónica como excruciante.
"Aqui não tenho futuro!" A frase possui a amplitude de um desígnio e o ferrete de uma insuportável anargura.
 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

    "Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade.Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada, Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada. Assim tudo o que existe, simplesmente existe"
    Alberto Caeiro

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

To emigrate or not to emigrate, that is the question

Fiquei algo estupefacta com as declarações feitas a semana passada por membros da classe governativa portuguesa, exortando (ou assim pareceu) à imigração dos jovens, em particular aqueles que são qualificados.
A bem da verdade, a esta distância, enquanto imigrada e com qualificações que sou, o comentário chocou-me por me parecer o contrário do que se quererá para o país. Qualquer país o quer é captar a sua massa de gente qualificada, não que ela se vá embora para um dia, talvez, regressar. É certo, que o ministro em causa terá acrescentado que esta perspectiva de emigração deveria ser a médio curto prazo e perspectivando o regresso (?!?). Maior o meu espanto.

A decisão de emigrar - que não é fácil, diga-se de passagem - raras vezes é pensada por períodos curtos de tempo, sobretudo quando se emigra para longe e quando não se tem nenhum vínculo laboral à Pátria (o que será a maior parte dos casos dos qualificados mencionados). Emigrar implica estabelecer raízes noutro local, construir uma vida... e convenhamos, isso não se faz normalmente em curto/médio prazo. Tirando por pura necessidade ou vocação (classe diplomática), ninguem saltita de um lado de 2-3 anos de terra em terra.

Perspectivando o regresso? dado o estado da nação, como é que isso se perspectiva? se há algo que me tem entristecido nestes meses é precisamente o facto de não ver como perspectivar o regresso - e sim, eu era daquelas que a saída era por um curto/médio prazo, pese embora tudo o que há pouco escrevi. E concluo cada vez mais que não se emigra por curtos-médios prazos e que as perspectivas são parcas.

mas pode ser apenas o contágio de negativismo....

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nunca quis ter nada a ver com Direito: jurista, advogada, juíza. O que fosse. Eram profissões que tresandavam a mofo, pouca criatividade e ceder ao que poderiam ser os nossos princípios. Não, definitivamente, todo aquele "cinzentismo" me aterrorizava.

No entanto, vibrava -ainda vibro, quando bem escritas - com séries de advogados (sublinho advogados/barristers) - pelo poder da palavra que sempre os caracterizava. A capacidade de dizer o que queriam, como queriam, com o resultado que queriam (bem, quando ganhavam os casos, mas nas séries de então, o advogado que ganhava era o que estava do lado justo - hoje, a ingenuidade já não é tanta da minha parte, nem as séries são escritas de uma forma tão simplista: ainad bem!).

A eloquência, a capacidade de fazer da palavra sua, sem a raptar inteiramente, deixando espaço ao ouvinte para a tornar também sua.

E o raciocínio que necessariamente estava inerente àquela mesma eloquência.... esse verdadeiramente apaixonante.

Aprendi, depois, que são raros os casos de verdadeira eloquência entre juristas, advogados e/ou juízes. São raros, mas existem. E ainda bem, porque é no raro momento em que me cruzo com alguém com essa capacidade de utilizar a palavra, que não é a mesma de um escritor ou de um político (essa(s) são igualmente fascinantes e deliciosas pelas suas próprias razões), que penso que vale a pena, afinal, achar graça a isto do Direito.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

das banalidades de circunstância I.... o clima

Como é típico na terra onde me encontro, o tempo mudou repentinamente.
O Verão deixou de o ser, para dar lugar a um (quase) inverno vestido a rigor, cinzento, frio e húmido.
E se uma parte de mim ansiava por um calor menos insuportável, esta diferença de mais de 10 graus centígrados mexe e remexe com o meu ser.

Portanto, o tema deste post é aquele interessantíssimo tema de conversa, aquele que permite fazer conversa de circunstância: o tempo.

A verdade é que de há uns anos para cá comecei a aperceber-me que, além de tema para conversa de croquete na mão e copo de uma qualquer bebida na outra, esta coisa do clima nos afecta mais do gostaríamos.

A minha complexa relação com o Sr. Clima começou quando vivi no norte da Europa. Lampeira que fui, considerando que isso de 4-5h de luz por dia não me afectaria nada e tão pouco faria mossa que 11 meses fossem passados com temperaturas reduzidas. Não! Isso não ia mesmo incomodar nada... excepto que, como todos os seres humanos (e plantas, já agora), comecei a murchar ao fim de dois meses, a jantar às 18h ( o que um amigo meu diria: decadente!), e a sair à rua a correr, sem parar por motivo algum, assim que via um raio de sol.

Foi também nesta altura que aprendi o verdadeiro prazer de uma tarde passada na relva (não havia praia nas redondezas, só canais....), de ter um espaço exterior na nossa própria casa e a importância que o sol tem no nosso quotidiano.

E deixei de lado a arrogância de achar que sou imune ao clima.

Não sou, nenhum de nós é.

Pelos vistos, contudo, sou atraída por terras onde o sol é escasso. Agora, não faz tanto frio. Pelo contrário, meses há em que o calor é insuportável. Mas sol? Nem vê-lo. Só esporadicamente.

Mas agora estou ensinada, sei o que fazer quando há uma abertura e tenho uma varanda preparada para qualquer visita inesperada.

Nada disto, contudo, sem o suspiro pelo maravilhoso sol que Lisboa costuma ter:-)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

É elementar Dr. Watson II

Meu caro Dr. Watson, é elementar que uma gripe diminui a capacidade de raciocínio. É elementar. O problema é, claro, que o Dr. Watson bem sabe, ao contrário do Sr. S. Holmes, que uma gripe pode significar muito mais do que uma capacidade de raciocínio mais limitada, mas antes reflectir a necessidade de parar e de recuperar o fôlego; esse que vamos perdendo pelo caminho, mesmo sem saber porquê.

Não me fixarei nas personagens do Watson e do Holmes, nem sequer são das minhas personagens de policiais favoritas... se alguém me retira o Sr. Poirot tem um caso sério de zanga comigo.
Mas sempre achei que o binómio em causa era curioso, pelo Watson ser muito mais do que Holmes queria que fosse e Holmes ser muito menos que pensava que era.
Sempre achei que reflectia muito do que é o nosso mundo, em tudo. Este mundo que quase sempre é um teatro de sombras.

E por isso, é elementar, sr. holmes, uma gripe raras vezes é mesmo só uma gripe.

é elementar meu caro Dr. Watson

Os sonhos podem ser mais ou menos concretizáveis. Podem ser simples ou complexos. São sonhos e são todos eles permitidos.

Mudei de blogue e de título, talvez porque sinta que estou nesta busca incessante pelos meus próprios sonhos, ando no seu encalço.

O blogue não pretende ser só sobre sonhos - céus! Não - mas antes sobre o caminho que vamos percorrendo no nosso quotidiano, quase sempre em busca de um sonho, mesmo que não tenhamos consciência disso.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

mudam-se os tempos...

Mudei de sítio na internet, mudei de bogue.

Na promessa de que este percurso seja menos perene